1 de jul. de 2009

R.I.P. Michael Jackson

Bom.. demorei pra escrever de novo! Droga.. E além disso vou estar escrevendo sobre um assunto já velho (numa época onde a notícia fica velha em menos de 1 dia).

Eu sou fã do Michael Jackson. Não pensei em nada específico e nem quero ficar falando de dados específicos, da vida, das polêmicas, etc. Vou apenas passear por pensamentos que tive ao refletir a vida e as coisas que ele conseguiu e como eu acho que isso o influenciou de alguma forma.

Mas tem uma coisa que eu tenho certeza (e não é que ele é um ET hehe): Michael não era normal. E não falo pela sua criatividade, nem pelas polêmicas, não por isso. As idéias, as regras, os conceitos eram totalmente diferentes. Falo apenas pelo que eu posso imaginar que ele tenha vivido. Uma pessoa que vive 50 anos sendo 45 desses em carreira artística, ou seja, na exposição máxima, não pode ser normal. Não podemos pensar no Michael com o nosso pensamento, levando em conta nossos valores. Você já se imaginou no lugar dele?

Então vamos lá:

Você nasce. Aos 5 anos seu pai monta uma banda juntamente com seus irmãos. Mesmo você com 5 anos ele te coloca com o “Front-man”, ou seja, o líder de um grupo. Seu pai é um homem muito rígido e que deseja ganhar um money com seus filhos. Para isso ele não mede esforços e chega a bater (não é tapinha nem surra de varinha) exigindo que você seja excelente. E você passa a sua infância e adolescência assim: no mundo dos negócios e show business. Ter amiguinhos, escola, jogar um vídeo-game, bete, pelada, escorregar, cair, quebrar um dente... Não rola. Você passa toda ela viajando, fazendo shows e cumprindo compromissos, precisando sempre provar que é o bom. Não só para qualquer um, mas para o seu pai.
E aí quando você cresce você decide sair em carreira solo, porque você já começa a criar uma independência.

Parênteses: Aí que a coisa fica pesada. Lembra que quando você realiza um bom trabalho e é reconhecido, você fica contente e feliz. Certo? Não Mesmo que “só pra você” você fica com aquela sensação de “Eu sou bom nisso?” Certo?

Tá. Depois de toda essa infância perdida, sem saber o que é uma infância normal e sendo exigido a todo momento você continua. Então você “rala”, compõe, produz e lança o disco mais vendido no Planeta Terra em todos os tempos. Já imaginou você sendo essa pessoa? Junto a isso você revoluciona a indústria dos vídeo-clipes fazendo deles uma forma de “contextualizar” e até criar curtas metragens em cima das músicas. Ou seja, cria uma nova forma de expressão pra música. E claro, num rampejo de criatividade você também monta passos de dança que seriam reproduzidos, imitados por gerações. Você também (claro) é aclamado, tem milhões de fãs dispostos a dizer a você a qualquer momento o quanto você os inspira e o quanto eles gostam do que você faz. E lembre-se, tudo isso que você fez é numa época onde negros eram bastante discriminados dentro e fora do seu país. E você é negro.

Visualizou? Como isso entraria na sua cabeça? Bom, eu não sei como entraria na sua nem na minha. Mas é de se esperar que é muita coisa pra uma pessoa sem pouca preparação e que não conhece outro tipo de valores na vida. Michael não teve em nenhum momento o gosto do comum. O gosto de ser anônimo. O gosto de ser o menino Michael e não o Rei do Pop. Ele não teve a chance de “desencarnar” o personagem. Ele era o personagem Michael. Ele era aquele cara que se transforma em zumbi, que sobre em prédios, que voa, que no fim, pode TUDO.

Talvez por isso quando pode montou um parque de diversões pra ele morar. Talvez por isso gostasse de dormir com crianças e não achava isso uma coisa errada. Por isso talvez achava normal pegar um bebe e colocar na sacada. Talvez por isso era hipocondríaco e não admitia ficar doente. Talvez por isso resolveu desistir de combater o Vitiligo e ficar branco de vez ao invés de tentar se manter negro. Talvez por isso ficava dentro da sua casa o tempo inteiro, protegido por centenas de empregados, empresários, assistentes, etc.

Talvez ele tenha morrido sem saber quem era realmente Michael Jackson, pessoa.

A muito tempo ele não lançava nada, não criava nada. Mesmo assim, é ruim e triste saber quando alguém você admira não está mais entre nós. Que a energia que tanta gente recebeu e absorveu dele por tanto tempo não está mais irradiando por aqui.

R.I.P Michael Jackson

Um comentário:

Daniella disse...

Ai Edu... penso como você. O que mais me deixou triste não foi a morte do "divo" do pop, e sim, o que segue: Precisa uma pessoa morrer para que as suas qualidades venham à tona. Enquanto isso, a maioria prefere mexer nas feridas abertas em decorrência dos deslizes humanos comuns a todos. Fatos que são comuns, não que eu os defenda, mas que são passíveis de qualquer ser humano, maiores são suas consequências por força do quão famosos for o sujeito. Quando surgiram indícios de fragilidade humana em Michael Jackson há poucos anos, poucos foram o que se lebraram que ele e seus irmãos foram de tal forma cobrados para fazerem sucesso que as surras infligidas pelo seu pai, principalmente em Michael, faziam-no vomitar antes dos ensaios, já antecedendo o que lhe aconteceria. Por conta desta performance perfeita exigida pelo seu pai, conquistou não somente fama e dinheiro, mas infelizmente, a tristeza de não ter possuído uma infância normal e saudável. O que se fez notar na construção da Neverland, pelo menos aos meus olhos. Digo que o Michael morreu de tristeza e deixou o mundo triste com a sua partida precoce. Mas eu estou feliz, porque este SER HUMANO parou de sofrer. Ouço suas canções como "All Be There", "Music And Me", "Billy Jean", "Ben", como um tônico de paz e ao mesmo tempo me corrói a alma a forma como estes grandes sucessos foram concebidos. Estou triste pela vida que Jacko teve e não pela sua morte. Que descanse em paz, SER HUMANO Michael Jackson.